{Especial Simon vs. A Agenda Homo Sapiens} Becky Abertalli vs. Padrões



Há um tempinho postei a resenha de Simon vs. a Agenda Homo Sapiens e recentemente a Intrínseca teve a ideia de fazer uma semana especial em homenagem ao livro e, como eu gostei muito da leitura, decidi entrar na brincadeira. Terá post sobre o Simon aqui no blog hoje e na sexta feira. O Tema de hoje é a quebra de padrão criada pela autora, Becky Abertalli.

Pra quem não sabe, o tema principal de Simon vs. A Agenda Homo Sapiens é a sexualidade do garoto, mas não pense que Becky foi pelo padrão da descoberta, a dificuldade em se aceitar e os dramas disso na adolescência, pois não foi. Apesar do foco ser a homossexualidade, Becky nos faz refletir sobre alguns padrões impostos pela sociedade de uma maneira muito legal e atual.

Antes de falar sobre o modo que ela abordou os padrões no livro, vamos conhecer primeiro a autora: Becky Albertalli é psicóloga, o que lhe proporcionou o privilégio de trabalhar com muitos adolescentes inteligentes, estranhos e irresistíveis, e por sete anos foi orientadora de um grupo de apoio em Washington para crianças com não conformidade de gênero. Mora em Atlanta com o marido e os dois filhos. Simon vs. a agenda Homo Sapiens é seu primeiro livro.

Por ser psicóloga e ter trabalhado como orientadora de um grupo de apoio para crianças com não conformidade de gênero, já podemos falar que Becky tem bagagem para falar sobre o assunto de Simon com bastante maestria.

Se eu pedir pra você imaginar um ser humano, de qualquer jeito, acredito que a maioria pensaria num homem ou mulher branco e magro. E vocês já pararam pra pensar por que o heterossexual não precisa chegar e se declarar para os pais? Eu não tive que fazer isso. Nascemos e crescemos com a ideia de que um é o padrão e o outro é a minoria, sempre respeitando a "agenda Homo Sapiens", que diz o que deve ou não ser feito por nós.

Becky, nas páginas de Simon vs. A Agenda Homo Sapiens, nos desafia a pensar sobre diversas situações, principalmente durante a troca de emails do casal principal: Simon e Blue. Por que um tem tantos obstáculos e outro não? Por que é tão legal ser branco e nem tanto ser negro? Por que é tão difícil ser diferente, sendo que, de certa forma, ninguém é igual? A autora toca nos pontos certos de uma maneira muito simples e leve, sem problematizar de forma agressiva, utilizando do ambiente escolar como cenário.

Não só considerando os padrões da sociedade, Becky, de certa forma, quebra os padrões do que estávamos acostumados e ver num Young Adult, que geralmente só serve pra nos entreter com uma história bem leve. Além de quebrar a regra da descoberta/negação/aceitação gay que temos em muitos livros do tema, a questão de vilão e estereótipos da escola americana que vemos em filmes e livros por aí são questionados. Becky realmente consegue nos fazer pensar de uma forma diferente a qual estávamos acostumados.

Mesmo sendo um livro com foco na homossexulidade, de forma alguma é apenas recomendado ao público gay. É um livro realmente sobre a reflexão dos padrões que vivemos e fazemos parte. Eu, sendo hétero, consegui refletir sobre diversas coisas que nunca havia pensando antes, como os exemplos que dei no parágrafo anterior. É uma leitura em que rever nossos pensamentos e refletir sobre outros que envolvem os padrões da sociedade é quase impossível.



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