{Resenha} Precisamos Falar Sobre o Kevin



Título: Precisamos Falar Sobre o Kevin
Autor: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Tradução: Vera Ribeiro
ISBN: 9788598078267
Número de Páginas: 464
Ano: 2007
Classificação: 

Lionel Shriver realiza uma espécie de genealogia do assassínio ao criar na ficção uma chacina similar a tantas provocadas por jovens em escolas americanas. Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos.
Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem.
Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o "sociopata inatingível" que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.

Uma obra que te deixa de cabelo em pé do começo ao fim. E, particularmente, achei incrível como a autora expõe tudo que tem de errado nas confissões da protagonista, porém em nenhum momento suas confissões são condenáveis, mas muito pelo contrário, a protagonista da história é retratada como um ser humano, que é tão falho como qualquer um de nós pode ser.

O livro tem a narrativa em primeira pessoa, pela personagem principal chamada Eva. Toda a história é passada em cartas que Eva manda ao seu marido falando sobre uma tragédia que envolveu seu filho, Kevin (Ou seja, ela está falando sobre o que aconteceu no passado).

Eva estava com sérias dúvidas em ser mãe. Definitivamente, por mais que tente, ela não ama Kevin e o sentimento do filho é recíproco, mas não por esforço da mãe, ele simplesmente não gosta de ninguém, é um ser humano vazio que não tem capacidade de sofrer apatia por ninguém. Confesso que as vezes até fiquei com dó de Kevin pela incapacidade de amar alguém e a autora constantemente deixa isso bem claro.

O pai de Kevin, Franklin já é ao contrario da mãe, ele está completamente alheio a situação do filho e tem justificativas para todos os erros do filho que Eva aponta. Kevin acaba sendo um grande problema para o casal. Eva tem ciência que ele é perigoso e Franklin o acha um anjo, enquanto isso não sabemos se Eva é uma mãe negligente ou Franklin que não tem pulso firme para controlar a situação. Mas particularmente, acredito que é o caso da família desestruturada que ninguém sabe ao certo como agir e todos terceirizam a culpa.

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